A ave.
O observador.
Ela perfeita, ligeira.
Ele maravilhado, atento.
Ficam assim por segundos...
por sorte minutos.
Por vezes o encontro fica só na memória.
Outras vezes a emoção é registrada.
Por trás das câmeras fotográficas dos observadores de aves existem belas
histórias. E nós queremos contá-las aqui no blog. Hoje você vai conhecer um
pouquinho do observador
Edson Dressel
que, motivado por seu filho de apenas 4 anos, deixou de ser
passarinheiro de gaiola, tornou-se um observador de aves e fundou o
COAMA
- Clube dos Observadores de Aves da Mata Atlântica, em Joinville/SC.
Emocionante! Confira.
"Sempre fui um apaixonado por pássaros. Gostava de criá-los, de
observá-los, só que em viveiros ou gaiolas. Lembro que há uns 20 anos atrás eu ia jogar tênis com meu irmão em um
hotel fazenda no Quiriri. Lá tinha um pomar, desses que a gente tinha
antigamente em casa. Eu achava bonito e até comentei certa vez com meu
irmão e com meu cunhado: “Se um dia eu tiver um local onde eu possa fazer
um pomar para observar os pássaros, vou acabar com esse negócio de
passarinho em gaiola”. Mas o tempo ia passando e eu continuava com meus
pássaros aprisionados.
Certa vez apareceu um americano aqui para fotografar pássaros. E ele
entrou em contato com a associação de passarinheiros, da qual fazíamos
parte. Ele achou que o nosso negócio era passarinho solto, mas naquela
época era de gaiola. Como meu irmão arranhava o inglês, decidimos
acompanhá-lo, como guias. E o interesse pela observação ia cada vez mais
entrando em minha vida.
Um dia estava eu a passear com meu coleiro na gaiola. Quando cheguei em
frente a minha casa, encontrei meu filho mais novo, que na época tinha
três pra quatro anos de idade. Ele estava abaixadinho, com a mão no
queixo, olhando para o mato. Havia chovido muito na noite anterior. Olhei
para ele e perguntei: “Filho, o que você está olhando aí?” E ele me
respondeu: “Pai, eu tô olhando a natureza...” Quando ele me disse isso eu
senti algo que nunca havia sentido antes. Foi um baque, uma sensação
difícil de explicar. Algo despertou dentro de mim e eu pensei: “Estou
errado. O que eu estou fazendo é errado.” Aí então eu entrei em casa e
disse à minha esposa: “Vou acabar com os passarinhos todos. Não quero mais
nenhum na gaiola”. E ela disse: “O que aconteceu? Você anda com esses
passarinhos pra cima e pra baixo...”. Aí eu disse: “É que o André me disse
uma coisa lá fora”...
Eu olhei para aquele passarinho na gaiola e deu vontade de chorar. Liguei
para o meu irmão e disse: “Mano, chegou a hora. Vou acabar com os
passarinhos de gaiola. Vou vender e fazer algo diferente. Eu estive
pesquisando sobre observar pássaros... vou vender os passarinhos e comprar
uma máquina fotográfica”. Na época meu irmão Carlos ficou na dúvida... ele
também tinha pássaros na gaiola. E então o nosso amigo Rogério da Silveira
também entrou na conversa. Eu vendi os pássaros, comprei a máquina e
começamos a sair para fotografar. Fomos gostando cada vez mais da
atividade e fizemos o blog, para contar nossas experiências, postar nossas
fotos. E foi assim que três passarinheiros de gaiola começaram o
COAMA
– Clube dos Observadores de Aves da Mata Atlântica.
E aí então a vontade de fazer um pomar ficou mais forte. Com a ajuda da
comunidade preparamos o terreno, que fica em frente à minha casa, numa
região privilegiada, próximo às nascentes do Rio Cachoeira. Comecei a
pesquisar, a plantar flores e árvores frutíferas para atrair os
pássaros.
Hoje o pomar tão sonhado é uma realidade, aberto ao público. Nele já
registramos até agora 113 espécies de aves. O
COAMA
existe desde 2010, e nestes 6 anos de existência nosso trabalho já ganhou
o mundo, recebendo inclusive prêmios de ecologia. Nosso principal objetivo
é disseminar e incentivar a observação de aves como uma prática saudável,
que traz inúmeros benefícios à vida das pessoas, bem como para a
natureza. Estamos sempre procurando novas formas de divulgar esta
prática, com bate papos, palestras, visitas nas escolas e eventos diversos
que despertem nas pessoas o interesse por esta atividade tão bela".
Uma bela história não é mesmo? E você, também tem uma história de
observador para contar? Conhece alguém que tenha? Escreva pra gente.
Ficaremos felizes em compartilhá-la aqui no blog.